“Ele habitará com eles; eles serão o seu povo e o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21,3).
Na sua mensagem para o Dia do Migrante e do Refugiado, o Papa Francisco nos recorda o ideal da nova Jerusalém: “onde todos os povos se encontram unidos, em paz e concórdia, celebrando a bondade de Deus e as maravilhas da criação.”

Frei. Darlei Zanon – Religioso paulino para o Vaticano News
Na sua mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado deste ano (celebrado mundialmente no dia 26 de setembro), o Papa Francisco propõe a reflexão sobre o tema «Rumo a um nós cada vez maior», em extrema sintonia com a sua encíclica Fratelli tutti.
Para ajudar-nos a aprofundar o tema, o Papa sugere ainda a meditação do texto bíblico extraído do livro do Apocalipse 21,1-7, parte das “visões” em vista da apresentação de um mundo novo, diferente. Nesse mundo se realiza em plenitude a aliança entre Deus e a humanidade libertada por Cristo. A nova Jerusalém é o símbolo que revela o novo céu e a nova terra, livre de dominação, de sofrimento, de dor, de violência. Simboliza a presença eterna de Deus no meio da humanidade: Deus habitará conosco, montará a sua tenda de modo definitivo entre nós. E nós seremos o seu povo. Um nós cada vez maior e mais unido. A Jerusalém celeste é portanto o símbolo da comunhão definitiva do povo com o seu Deus.
A imagem da tenda ou morada é muito significativa, principalmente se recordarmos que o povo de Israel era um povo nômade, peregrino, migrante. A tenda é o ponto de referência, de encontro, de proteção, de segurança. Se Deus monta a sua tenda entre o povo significa que o acompanha, vive com ele, não o abandona. Pensemos na realidade de todos os migrantes e refugiados! Deus está no meio deles, lhes guia e protege. É Deus que conduz o seu povo peregrino rumo à terra prometida, assim como continua a conduzir hoje os milhares de migrantes rumo à terra de sonhos e esperança.
Importante recordar que Apocalipse não significa fim do mundo ou um grande cataclismo como muitas vezes se pensa ou que os filmes de Hollywood nos fizeram imaginar. Apocalipse significa “revelação” e “descoberta”. O objetivo de João, autor deste livro, não é assustar o povo. Ao contrário, procura enchê-lo de esperança, da esperança de que Cristo Ressuscitado venceu o mal e nos acolherá na Jerusalém celeste. Ainda que no mundo experimentamos a dor e o sofrimento, o mal não tem a última palavra. No fim triunfará o poder de Deus e formaremos definitivamente um só corpo, uma só comunidade de irmãos, um “nós” pleno, “um nós do tamanho da humanidade”.
Na sua mensagem para este Dia do Migrante e do Refugiado, o Papa Francisco nos recorda o ideal da nova Jerusalém: “onde todos os povos se encontram unidos, em paz e concórdia, celebrando a bondade de Deus e as maravilhas da criação.” Mas também nos alerta que “para alcançar este ideal, devemos todos empenhar-nos por derrubar os muros que nos separam e construir pontes que favoreçam a cultura do encontro, cientes da profunda interconexão que existe entre nós. Nesta perspectiva, as migrações contemporâneas oferecem-nos a oportunidade de superar os nossos medos para nos deixarmos enriquecer pela diversidade do dom de cada um. Então, se quisermos, poderemos transformar as fronteiras em lugares privilegiados de encontro, onde possa florescer o milagre de um nós cada vez maior.”